domingo, 5 de julho de 2009

O sol que entrava pela janela foi embora, empurrado por nuvens furiosas que tomaram seu lugar, deixando o azul cinza e transformado a janela numa queda d'água furiosa. Tudo em volta ganhou gotas de cor neon que faziam refletir a luz artificial da tv, nesse meio tempo a música agitada do quarto vizinho se transformou em notas suaves de um piano desafinado. A cama de lençol branco parecia me convidar para dançar entre as pregas de um dia amarrotado.
Sentei-me no sofá para observar a água que entrava pela janela e que aos poucos cobria os móveis de água, eu não me impotava só queria descansar e esquecer os motivos que me faziam estar em constante devaneio, eu sabia do amanhã.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Hoje o sol entrou na sala sem pedir licença, é que ventou a noite e a cortina caiu, abrindo tudo aquilo que eu insisti em fechar durante um tempo, eu não queria ver e as vezes nem podia, a luz me cegava, mas tive que levantar pra olhar, é que as nuvens faziam formas, as nuvens eram mãos, e elas me tomavam e me levavam pra qualquer direção, o vento fez cócegas no meu nariz e um espirro abriu um leque de cores na minha frente como se eu estivesse dentro de um caleidoscópio. Eu via tudo tão de perto que me senti voando, meus pés não podiam mais sentir o chão e minha mente já não era mais minha, tudo aquilo que eu via era um universo de cores, sons, perfumes e sensações que eu jamais havia sentido e isso tudo veio da minha janela e eu não fecho mais porque eu não quero o mundo velho de volta, tudo que é belo é absurdo.
Outra lembrança me ocorreu, larguei tudo que eu fazia e sentei em frente a máquina de escrever... 5 minutos se passaram e tudo que eu fiz foi escrever algumas palavras aleatórias gastando a tinta da máquina e rabiscando depois por elas não me fazerem sentido nenhum, ascendi um cigarro, o café estava frio mas mesmo assim eu tomei, um chiclete de morango e um copo d'água. Outro cigarro e mais uma palavra, a única que me veio em mente, cheiro.
Acho que é a única lembrança sua que ainda posso sentir.
A cidade não podia ser mais chata, a única lembrança que tenho é de quando os café funcionavam a noite, pelo menos eu não queimava minha mão tentando fazer café em casa.
É uma tortura ter que sair sem rumo mas a única coisa que eu acredito são nos meus pés, que me levam a qualquer lugar e não me deixam enganar, até a minha mente vem me engandando ultimamente, as vezes ela finge pensar nos objetos quando realmente esstá pensando em você.
Nada aquece mais a minha memória do que o desenho que você deixou pendurado na parede,
eu posso ver que as coisas mudaram, a cafeteira quebrou e o fogão está entupido, o fogo quase não aquece, a porta da varanda emperrou eu não consigo abrir, e tenho que fumar dentro de casa o que deixa as paredes escuras e os móveis com cheiro de fumaça, o controle remoto da tv quebrou e os botões não funcionam, assisto o mesmo canal há 3 meses, desde que você se foi, e agora observo tudo isso contando para a máquina de escrever que fica sobre a única mesa que os cupins ainda não comeram.